COLÓQUIO
Marguerite Duras
Uma Poética do
Transbordamento
em celebração ao
centenário da escritora
Dias 25 26 27 de
setembro - 2014 | Belém PA
CINEMA
OLYMPIA | Av. Presidente Vargas - Nº 918
Marguerite
Duras foi uma das mais conhecidas escritoras francesas do pós-guerra, além de
importante diretora e roteirista de cinema. Nascida no dia 4 de abril
de 1914, em Saigon (hoje Ho Chi Minh), a escritora em 2014
completaria 100 anos. Radicada na França, é autora de diversas peças
de teatro, novelas, filmes e romances, tendo publicado
os seus primeiros livros em 1943 e 1944, Os Imprudentes e A
Vida Tranquila, respectivamente. A partir de 1959 começou também
a escrever argumentos para o cinema, dos quais Hiroshima mon amour é sem dúvida o mais conhecido e
marcante. Em 1950 escreveu Un barrage contre le Pacifique / Uma
barragem contra o Pacífico e em 1980 ganha o Prémio Goncourt com o
romance L’amant, O Amante.
Autora fértil e
inovadora, com uma obra literária vastíssima, desde os romances aos argumentos
cinematográficos, seu estilo é inconfundível, com um
tom denso e singular, que margeia a zona mais profunda das
paixões, grandezas e misérias da vida. Apesar disso, sua escrita não
incorre pelas vias de redenção ou salvação. Com
Duras, a escrita é uma máquina desejante, vontade bruta de vida. Algumas
de suas obras são atravessadas por uma
composição plástica oriunda da ambiência exótica da paisagem
oriental, embora nada nessa paisagem aconteça sem deixar reconhecer
um desassossego, ou melhor, um combate
nas trincheiras bifurcadas entre o amor e a morte.
Marguerite Duras atravessou o último século deixando um valioso lastro de contribuição, tanto na literatura, quanto no cinema e também para a psicanálise.
Disso
ressoa a evidente relação entre escrita textual e inscrição psíquica, apontada
desde Freud em suas elaborações sobre o inconsciente, muitas advindas a partir
de seu encontro com a literatura. Criador de uma clínica norteada pelo
pulsional, num curso à deriva porque guiado pelo que escapa ao simbólico, Freud
se deixava fascinar pela literatura e seus escritores criativos. Curioso em
saber de onde provinha a matéria-prima daqueles que, por meio de sua obra,
conseguiam fisgá-lo de tal maneira que as palavras lhe escapavam lá onde
as emoções brotavam, Freud soube reconhecer que tanto os poetas como os
psicanalistas trabalham com um mesmo material.
Seguindo
os passos de Sigmund Freud, foi justamente ao se deixar afetar pela leitura do
livro Le ravissement de Lol V. Stein,
escrito em 1964, que o psicanalista francês Jacques Lacan nos
esclareceu acerca de sua posição frente à literatura. Ao homenagear
Duras, Lacan testemunha que diante da trilha apresentada pelo
artista o psicanalista deve se privar da impostura de ali se colocar como
psicólogo. Por isso, ao invés de aplicar a psicanálise à arte –
empreendendo uma leitura psicopatológica da obra ou do autor –, Lacan deixou-se
atravessar pela arte para, apenas a partir dessa travessia, tirar algumas consequências
para o seu ensino. Ao ler esse romance, Lacan situa a ética da
psicanálise frente ao texto literário, e rende tributo a essa que foi a única
escritora mulher e o único autor homenageado ainda em vida por ele: Marguerite
Duras. Arrebatado, pela leitura
de Duras, ele declara que a escritora conseguiu lhe transmitir o que está
em jogo na operação que diz respeito ao que teria sido a sua única verdadeira
invenção: o objeto a.
Com uma obra singular Marguerite Duras contribui para que a experiência literária se torne um acontecimento, capaz de transmitir uma experiência que humaniza e nos constitui.
Nesse sentido, o COLÓQUIO
100 ANOS DEMARGUERITE DURAS: UMA POÉTICA DO TRANSBORDAMENTO objetiva
investigar, no espaço durasiano, a força
do que excede, ou seja, o que – nos seus romances, na sua
escrita, ou no seu cinema –, escapa e por sua vez faz
escapar. O transbordamento de uma escrita que se destina a um mais além do
que se pode nomear, e que por isso aponta para o impossível. Fala-se
da potência móvel, espécie de força nua diante da qual tudo desliza. Tal
como acontece com alguns dos seus personagens (Anne-Marie Stretter,
em Índia Song / Lola Valérie Stein, em O Deslumbramento). Trata-se
da experiência do transbordamento da escrita, e no curso dessas
experiências, uma miríade
de pesquisadores e especialistas se lançam neste
colóquio – a partir de várias linhas de pensamento – para celebrar
os 100 anos da escritora.
OBJETIVOS:
Geral: Colóquio
em homenagem aos 100 anos da escritorafrancesa Marguerite
Duras, que visa difundir a obra e cultura da escritora.
ESPECÍFICOS:
• Investigar,
no espaço literário de Marguerite Duras, as experiências de transbordamento
da escrita.
• Perceber de
que forma se efetuam as linhas de fuga nasobras de
Marguerite Duras.
• Refletir
a literatura a partir dos deslocamentos da escrita de Marguerite
Duras.
PÚBLICO:
Professores,
Estudantes, Artistas, Escritores, Psicanalistas.
CONVIDADOS:
● Ana
Maria Medeiros da Costa (RS)
●
Agostinho Ramalho (MA)
● Dayse
Rabelo (PA)
●Dominique Fingermann (Fr/SP).
● Elisabeth Bittencourt (RJ)
●
Flávia Trocoli (RJ)
●
Luciana Brandão Carreira (PA)
●
Luciana Silviano Brandão Lopes (MG)
● Marco
Antônio Coutinho Jorge (RJ)
●
Nilson Oliveira (PA)
● Paulo
Fonseca Andrade (MG)
● Ruth
Silviano Brandão (MG)
METODOLOGIA:
O
evento caracteriza-se como um Colóquio e se estrutura a partir
de Conferências e mostra de cinema.
CURADORIA:
Elisabeth
Bittencourt
Luciana
Brandão Carreira
Nilson
Oliveira
APOIO:
IAP
(Instituto de Artes do Pará); Aliança Francesa Belém; Sociedade Médico
Cirúrgica do Pará; UEPA; Cesupa; Corpo freudiano seção Belém; Fumbel;
Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Associação dos críticos de cinema do
Pará; Hilton hotel.
✺
MAIS INFORMAÇÕES:
•••
OBRA DE MARGUERITE DURAS
LIVROS:
•
Les
Impudents, Plon, 1943
•
La
Vie tranquille, Gallimard, 1944.
•
Un
barrage contre le Pacifique, Gallimard, 1950 - Uma Barragem contra o Pacífico
•
Le
Marin de Gibraltar, Galimard, 1952
•
Les
petits chevaux de Tarquinia, Gallimard, 1953
•
Des journées entières dans les arbres, "Le
Boa", "Madame Dodin", "Les Chantiers", Gallimard, 1954
•
Le Square, Gallimard, 1955 (tr. The
Square, 1959)
•
Moderato
Cantabile, Les Éditions de Minuit, 1958 - Moderato Cantabile
•
Les
Viaducs de la Seine et Oise, Gallimard, 1959.
•
Dix
heures et demie du soir en été, Paris, 1960
•
Hiroshima mon amour, Gallimard, 1960 (roteiro)
•
L'après-midi
de M. Andesmas, Gallimard, 1960
•
Le
Ravissement de Lol V. Stein, Gallimard, 1964, - O deslumbramento de Lol V.
Stein
•
Théâtre I : les Eaux et Forêts-le Square-La
Musica, Gallimard, 1965
•
Le Vice-Consul, Gallimard, 1965
•
L'Amante Anglaise, Gallimard, 1967
•
Théâtre II : Suzanna Andler-Des journées entières
dans les arbres-Yes, peut-être-Le Shaga-Un homme est venu me voir, Gallimard,
1968.
•
Détruire,
dit-elle, Les Éditions de Minuit, 1969 - Destruir, disse ela
•
Abahn Sabana David, Gallimard, 1970.
•
L'Amour (Love), Gallimard, 1971.
•
Ah!
Ernesto, Hatlin Quist, 1971.
•
India Song, Gallimard, 1973 - India Song
•
Nathalie Granger, suivi de "La Femme du
Gange", Gallimard, 1973.
•
Le Camion, suivi de "Entretien avec Michelle
Porte", Les Éditions de Minuit, 1977.
•
L'Eden
Cinéma, Mercure de France, 1977 (tr. Eden Cinema, 1992)
•
Le
Navire Night, suivi de Cesarée, les Mains négatives, Aurélia Steiner, Mercure
de France, 1979.
•
Vera
Baxter ou les Plages de l'Atlantique, Albatros, 1980.
•
L'Homme
assis dans le couloir, Les Éditions de Minuit, 1980 - O homem sentado no
corredor
•
L'Été
80, Les Éditions de Minuit, 1980.
•
Les Yeux verts, Cahiers du cinéma, n.312-313, juin
1980 et nouvelle édition, 1987
•
Agatha, Les Éditions de Minuit, 1981 - Agatha
•
Outside,
Albin Michel, 1981 (tr. Outside)
•
L'Homme
atlantique, Les Éditions de Minuit, 1982. - O homem atlântico
•
Savannah Bay, Les Éditions de Minuit, 1982, 2ème
edition augmentée, 1983
•
La
Maladie de la mort, Les Éditions de Minuit, 1982 - A doença da morte
•
Théâtre
III : -La Bête dans la jungle, d'après H. James, adaptation de J. Lord et
M. Duras,-Les Papiers d'Aspern,d'après H. James, adaptation de M. Duras et R.
Antelme,-La Danse de mort, d'après A. Strindberg, adaptation de M. Duras,
Gallimard, 1984.
•
L'Amant,
Les Éditions de Minuit, 1984. Was awarded the 1984 Prix Goncourt - O amante
•
La
Douleur, POL, 1985 - A dor
•
La
Musica deuxième, Gallimard, 1985.
•
Les
Yeux bleus Cheveux noirs, Les Éditions de Minuit, 1986 - Olhos azuis, cabelos
negros
•
La
Pute de la côte normande, Les Éditions de Minuit, 1986.
•
La
Vie matérielle, POL, 1987 (tr. Practicalities)
•
Emily L., Les Éditions de Minuit, 1987 - Emily L.
•
La
Pluie d'été, POL, 1990 (tr. Summer Rain)
•
L'Amant
de la Chine du Nord, Gallimard, 1991 - O amante da China do Norte
•
Yann Andréa Steiner, Gallimard, 1992
•
Écrire, Gallimard, 1993
•
C'est
tout, POL, 1995 (tr. No More)
Filmes
•
Les
Enfants (1984) - As crianças
•
Il
Dialogo di Roma (1982)
•
L'Homme
atlantique (1981) - O homem atlântico
•
Agatha
et les lectures illimitées (1981) - Agatha ou As leituras ilimitadas
•
Aurelia Steiner (Melbourne) (1979) - Aurelia Steiner
(Melbourne)
•
Aurélia
Steiner (Vancouver) (1979) - Aurelia Steiner (Vancouver)
•
Le
Navire Night (1979)
•
Cesarée
(1978) - Cesárea
•
Les
Mains négatives (1978)
•
Baxter,
Vera Baxter (1977)
•
Le
Camion (1977) - O caminhão
•
Des
journées entières dans les arbres (1976)
•
Son
nom de Venise dans Calcutta désert (1976)
•
India
Song (1975) - India Song
•
La
Femme du Gange (1974)
•
Nathalie
Granger (1972) - Nathalie Granger
•
Jeune
le soleil (1972)
•
Détruire,
dit-elle (1969) - Destruir, disse ela
•
La
Musica (1967)
•
Hiroshima
mon amour , 1960 (Alain Resnais)
•
Moderato
Cantabile (Peter Brook)
•
Écrire
(documantário)
•
A
morte do aviador inglês (documentário)
•
L’amant
•
Les
grands entretiens de Bernard Pivot – Marguerite Duras (Gallimard /Ina)
documentário - réalisation Jean-Luc Leridon 1984 (durée: 1h16)
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