18 de jun. de 2014

COLÓQUIO MARGUERITE DURAS

COLÓQUIO
Marguerite Duras
Uma Poética do Transbordamento

em celebração ao centenário da escritora


Dias 25 26 27 de setembro - 2014 | Belém PA
CINEMA OLYMPIA | Av. Presidente Vargas - Nº 918  



Marguerite Duras foi uma das mais conhecidas escritoras francesas do pós-guerra, além de importante diretora e roteirista de cinema. Nascida no dia 4 de abril de 1914, em Saigon (hoje Ho Chi Minh), a escritora em 2014 completaria 100 anos. Radicada na França, é autora de diversas peças de teatro, novelas, filmes e romances, tendo publicado os seus primeiros livros em 1943 e 1944, Os Imprudentes e A Vida Tranquila, respectivamente. A partir de 1959 começou também a escrever argumentos para o cinema, dos quais Hiroshima mon amour é sem dúvida o mais conhecido e marcante.  Em 1950 escreveu Un barrage contre le Pacifique / Uma barragem contra o Pacífico e em 1980 ganha o Prémio Goncourt com o romance L’amant, O Amante

Autora fértil e inovadora, com uma obra literária vastíssima, desde os romances aos argumentos cinematográficos, seu estilo é inconfundível, com um tom denso e singular, que margeia a zona mais profunda das paixões, grandezas e misérias da vida. Apesar disso, sua escrita não incorre pelas vias de redenção ou salvação. Com Duras, a escrita é uma máquina desejante, vontade bruta de vida. Algumas de suas obras são atravessadas por uma composição plástica oriunda da ambiência exótica da paisagem oriental, embora nada nessa paisagem aconteça sem deixar reconhecer um desassossego, ou melhor, um combate nas trincheiras bifurcadas entre o amor e a morte.

Marguerite Duras atravessou o último século deixando um valioso lastro de contribuição, tanto na literatura, quanto no cinema e também para a psicanálise.

Disso ressoa a evidente relação entre escrita textual e inscrição psíquica, apontada desde Freud em suas elaborações sobre o inconsciente, muitas advindas a partir de seu encontro com a literatura. Criador de uma clínica norteada pelo pulsional, num curso à deriva porque guiado pelo que escapa ao simbólico, Freud se deixava fascinar pela literatura e seus escritores criativos. Curioso em saber de onde provinha a matéria-prima daqueles que, por meio de sua obra, conseguiam fisgá-lo de tal maneira que as palavras lhe escapavam lá onde as emoções brotavam, Freud soube reconhecer que tanto os poetas como os psicanalistas trabalham com um mesmo material.

Seguindo os passos de Sigmund Freud, foi justamente ao se deixar afetar pela leitura do livro Le ravissement de Lol V. Stein, escrito em 1964, que o psicanalista francês Jacques Lacan nos esclareceu acerca de sua posição frente à literatura. Ao homenagear Duras, Lacan testemunha que diante da trilha apresentada pelo artista o psicanalista deve se privar da impostura de ali se colocar como psicólogo. Por isso, ao invés de aplicar a psicanálise à arte – empreendendo uma leitura psicopatológica da obra ou do autor –, Lacan deixou-se atravessar pela arte para, apenas a partir dessa travessia, tirar algumas consequências para o seu ensino. Ao ler esse romance, Lacan situa a ética da psicanálise frente ao texto literário, e rende tributo a essa que foi a única escritora mulher e o único autor homenageado ainda em vida por ele: Marguerite Duras.  Arrebatado, pela leitura de Duras, ele declara que a escritora conseguiu lhe transmitir o que está em jogo na operação que diz respeito ao que teria sido a sua única verdadeira invenção: o objeto a.

Com uma obra singular Marguerite Duras contribui para que a experiência literária se torne um acontecimento, capaz de transmitir uma experiência que humaniza e nos constitui.

Nesse sentido, o COLÓQUIO 100 ANOS DEMARGUERITE DURAS: UMA POÉTICA DO TRANSBORDAMENTO objetiva investigar, no espaço durasiano, a força do que excede, ou seja, o que – nos seus romances, na sua escrita, ou no seu cinema –, escapa e por sua vez faz escapar. O transbordamento de uma escrita que se destina a um mais além do que se pode nomear, e que por isso aponta para o impossível. Fala-se da potência móvel, espécie de força nua diante da qual tudo desliza. Tal como acontece com alguns dos seus personagens (Anne-Marie Stretter, em Índia Song / Lola Valérie Stein, em O Deslumbramento). Trata-se da experiência do transbordamento da escrita, e no curso dessas experiências, uma miríade de pesquisadores e especialistas se lançam neste colóquio – a partir de várias linhas de pensamento – para celebrar os 100 anos da escritora.

OBJETIVOS:
Geral: Colóquio em homenagem aos 100 anos da escritorafrancesa Marguerite Duras, que visa difundir a obra e cultura da escritora.

ESPECÍFICOS:
• Investigar, no espaço literário de Marguerite Duras, as experiências de transbordamento da escrita.  
• Perceber de que forma se efetuam as linhas de fuga nasobras de Marguerite Duras.
• Refletir a literatura a partir dos deslocamentos da escrita de Marguerite Duras.

PÚBLICO:
Professores, Estudantes, Artistas, Escritores, Psicanalistas.


CONVIDADOS:
● Ana Maria Medeiros da Costa (RS)
● Agostinho Ramalho (MA)
● Dayse Rabelo (PA)
●Dominique Fingermann (Fr/SP).
● Elisabeth Bittencourt (RJ)
● Flávia Trocoli (RJ)
● Luciana Brandão Carreira (PA)
● Luciana Silviano Brandão Lopes (MG)
● Marco Antônio Coutinho Jorge (RJ)
● Nilson Oliveira (PA)
● Paulo Fonseca Andrade (MG)
● Ruth Silviano Brandão (MG)

METODOLOGIA:
O evento caracteriza-se como um Colóquio e se estrutura a partir de Conferências e mostra de cinema.


CURADORIA:
Elisabeth Bittencourt
Luciana Brandão Carreira
Nilson Oliveira


APOIO:

 IAP (Instituto de Artes do Pará); Aliança Francesa Belém; Sociedade Médico Cirúrgica do Pará; UEPA; Cesupa; Corpo freudiano seção Belém; Fumbel; Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Associação dos críticos de cinema do Pará; Hilton hotel.






OBRA DE MARGUERITE DURAS

LIVROS:

Les Impudents, Plon, 1943
La Vie tranquille, Gallimard, 1944.
Un barrage contre le Pacifique, Gallimard, 1950 - Uma Barragem contra o Pacífico
Le Marin de Gibraltar, Galimard, 1952
Les petits chevaux de Tarquinia, Gallimard, 1953
Des journées entières dans les arbres, "Le Boa", "Madame Dodin", "Les Chantiers", Gallimard, 1954
Le Square, Gallimard, 1955 (tr. The Square, 1959)
Moderato Cantabile, Les Éditions de Minuit, 1958 - Moderato Cantabile
Les Viaducs de la Seine et Oise, Gallimard, 1959.
Dix heures et demie du soir en été, Paris, 1960
Hiroshima mon amour, Gallimard, 1960 (roteiro)
L'après-midi de M. Andesmas, Gallimard, 1960
Le Ravissement de Lol V. Stein, Gallimard, 1964, - O deslumbramento de Lol V. Stein
Théâtre I : les Eaux et Forêts-le Square-La Musica, Gallimard, 1965
Le Vice-Consul, Gallimard, 1965
L'Amante Anglaise, Gallimard, 1967
Théâtre II : Suzanna Andler-Des journées entières dans les arbres-Yes, peut-être-Le Shaga-Un homme est venu me voir, Gallimard, 1968.
Détruire, dit-elle, Les Éditions de Minuit, 1969 - Destruir, disse ela
Abahn Sabana David, Gallimard, 1970.
L'Amour (Love), Gallimard, 1971.
Ah! Ernesto, Hatlin Quist, 1971.
India Song, Gallimard, 1973 - India Song
Nathalie Granger, suivi de "La Femme du Gange", Gallimard, 1973.
Le Camion, suivi de "Entretien avec Michelle Porte", Les Éditions de Minuit, 1977.
L'Eden Cinéma, Mercure de France, 1977 (tr. Eden Cinema, 1992)
Le Navire Night, suivi de Cesarée, les Mains négatives, Aurélia Steiner, Mercure de France, 1979.
Vera Baxter ou les Plages de l'Atlantique, Albatros, 1980.
L'Homme assis dans le couloir, Les Éditions de Minuit, 1980 - O homem sentado no corredor
L'Été 80, Les Éditions de Minuit, 1980.
Les Yeux verts, Cahiers du cinéma, n.312-313, juin 1980 et nouvelle édition, 1987
Agatha, Les Éditions de Minuit, 1981 - Agatha
Outside, Albin Michel, 1981 (tr. Outside)
L'Homme atlantique, Les Éditions de Minuit, 1982. - O homem atlântico
Savannah Bay, Les Éditions de Minuit, 1982, 2ème edition augmentée, 1983
La Maladie de la mort, Les Éditions de Minuit, 1982 - A doença da morte
Théâtre III : -La Bête dans la jungle, d'après H. James, adaptation de J. Lord et M. Duras,-Les Papiers d'Aspern,d'après H. James, adaptation de M. Duras et R. Antelme,-La Danse de mort, d'après A. Strindberg, adaptation de M. Duras, Gallimard, 1984.
L'Amant, Les Éditions de Minuit, 1984. Was awarded the 1984 Prix Goncourt - O amante
La Douleur, POL, 1985 - A dor
La Musica deuxième, Gallimard, 1985.
Les Yeux bleus Cheveux noirs, Les Éditions de Minuit, 1986 - Olhos azuis, cabelos negros
La Pute de la côte normande, Les Éditions de Minuit, 1986.
La Vie matérielle, POL, 1987 (tr. Practicalities)
Emily L., Les Éditions de Minuit, 1987 - Emily L.
La Pluie d'été, POL, 1990 (tr. Summer Rain)
L'Amant de la Chine du Nord, Gallimard, 1991 - O amante da China do Norte
Yann Andréa Steiner, Gallimard, 1992
Écrire, Gallimard, 1993
C'est tout, POL, 1995 (tr. No More)
Filmes
Les Enfants (1984) - As crianças
Il Dialogo di Roma (1982)
L'Homme atlantique (1981) - O homem atlântico
Agatha et les lectures illimitées (1981) - Agatha ou As leituras ilimitadas
Aurelia Steiner (Melbourne) (1979) - Aurelia Steiner (Melbourne)
Aurélia Steiner (Vancouver) (1979) - Aurelia Steiner (Vancouver)
Le Navire Night (1979)
Cesarée (1978) - Cesárea
Les Mains négatives (1978)
Baxter, Vera Baxter (1977)
Le Camion (1977) - O caminhão
Des journées entières dans les arbres (1976)
Son nom de Venise dans Calcutta désert (1976)
India Song (1975) - India Song
La Femme du Gange (1974)
Nathalie Granger (1972) - Nathalie Granger
Jeune le soleil (1972)
Détruire, dit-elle (1969) - Destruir, disse ela
La Musica (1967)
Hiroshima mon amour , 1960 (Alain Resnais)
Moderato Cantabile (Peter Brook)
Écrire (documantário)
A morte do aviador inglês (documentário)
L’amant
Les grands entretiens de Bernard Pivot – Marguerite Duras (Gallimard /Ina) documentário - réalisation Jean-Luc Leridon 1984 (durée: 1h16)











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